sexta-feira, 26 de março de 2010

Saudade

É um sentimento, é um pensamento?
Saudade é um negócio de doido!
Vem da onde? Vem por quê?

Nunca avisa: não dá recado, não liga; não manda carta.
Simplesmente chega...

Às vezes, vem e vai, leve como uma brisa.
Noutras, parece um terremoto,
Tamanha a força que tem e o estrago que fica.

Alguém saberia defini-la?
Eu não sei, mas me arrisco...

Saudade é vontade!!!
É vontade sufocada;
Sufocada e misturada: do gosto de um beijo, da lembrança de um sorriso...

É, saudade; é vontade sufocada e misturada de passado.
Um passado que foi, mas que ainda vive.

Escrito e postado por Joyce às 16:07

quinta-feira, 18 de março de 2010

...

Enquanto a inspiração, não vem, aproprio-me e compartilho com vocês um texto da Clarice Lispector - aliás, é provável que ela sempre apareça por aqui. É, sou fã mesmo rs...
Um texto, que para mim, é um retrato do que seria um amor, ou melhor uma relação ideal entre um homem e uma mulher e como esse amor antes leve e doce, vai sendo carregado e transportado para o terreno da dúvida e consequentemente, tornando se pesado e doloroso, muito por que nós insistimos em querer certezas, querer seguranças...
Bom, chega de falar, Boa Leitura!!


"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."

Clarice Lispector

terça-feira, 9 de março de 2010

Dura

Quanto tempo?
O tempo que eu quiser.
O tempo que só o tempo pode saber.

Perdura

O amor perdido.
O sonho interrompido.
O sussurro dos seus lábios no meu ouvido.

Reluta

Na palavra não dita.
No silêncio que grita.
Na comodidade que aprisiona.

Apura

Seus desejos, bloqueios.
Suas angústias, censuras.
tuas dúvidas, perscruta.

Cura

A ferida, com paciência.
A ausência, amando.
O medo, conhecendo.
A dor vivendo.

Postado por Joyce. (Das Antigas) Escrito em nov/2008

quinta-feira, 4 de março de 2010

Ah!, esse medo antigo e escondido.
De ouvir o silêncio, de calar o meu grito.
Essa estranha mania de viver sonhando, acreditando...

Será que não dava pra nascer de novo, menos otimista e mais realista.
Esse otimismo; que a tudo quer justificar.
Não se engane; chamando-o de ingênuo, de bonito.
Ele é na verdade, mais uma forma de egoísmo.

Postado por Joyce

terça-feira, 2 de março de 2010

Prisão Humana

O que teria acontecido?
Um olhar fugitivo, mas logo flagrante
Essa nuvem de intenções a nos pairar
Acometidos ficamos do desconhecido.

A princípio inocentes; brincamos
Brincamos com as palavras, com os olhares
A ponto de a brincadeira, tornar-se identidade
Quisemos disfraçar, desentender

Mas por maior que fosse a fuga
Não havia refúgio sificiente
Masi que casados, namorados amigos, ou mero acaso
Tornamo-nos cúmplices

Cúmplices no nosso segredo
Nesse sincero e imperfeito jeito de gostar

Mas fadados ao concreto, ao palpável
Aprisionados à nossa condição humana
Deixamos perder-se a essência
Perdida talvez na busca da certeza

Ensaio sobre a Expectativa

Quantas vezes adiamos a resposta, o resultado?
Adiamos o desfecho e prolongamos o anseio...
Para quê? Talvez para continuarmos sonhando...
Talvez por termos medo.

Há vezes em que o conhecimento não é bem vindo.
Um exemplo disso se dá nas questões do coração.
É mentiroso, ou não amou de verdade, aquele que proclama aos quatro ventos, que prefere a convicção de um não.
Ah, quantos amantes, apaixonados, se enganam ou se enganaram na ilusão do talvez, na espera do sim...

E quem poderá condená-los ou taxá-los de tolos, errados.
Acho muita pretensão, o ser humano-ainda mais quando ama - não é afeito a regras e muito menos a manuais de instrução.
As expectativas, os sonhos e anseios, são irmãos quase gêmeos da ilusão.
E todos são filhos da mesma mãe: a Esperança e do mesmo pai: o Desejo.